É véspera de Natal. A árvore está decorada, a mãe pôs música de Natal e o pai pendurou luzinhas por toda a casa.
— Que bonito! — exclama a mãe. — O Natal é uma festa linda!
— E há muitos presentes, o que é maravilhoso! — diz o Bruno, entusiasmado.
— Sim, parece que o Pai Natal foi generoso! — diz o pai. — Mas só podemos abri-los amanhã, quando os avós chegarem.
O Bruno está cheio de curiosidade. “O que será o meu presente?”, pensa.
— É proibido tocar nos presentes! — avisa a mãe.
Mas o Bruno mal se contém. Se ao menos pudesse dar uma espreitadela…
Como os pais estão na cozinha a preparar a refeição de Natal do dia seguinte, talvez Bruno possa dar uma espreitadela.
Pega num presente com cuidado e dá-se conta de como é macio.
“Este deve ser para mim, pois pedi algo que possa acariciar,” pensa Bruno.
Contudo, o cartão tem escrito: Para a avó.
Que pena! Afinal, este presente não é para o Bruno.
— Este sim, parece ser para mim, porque pedi algo para brincar— diz o Bruno, enquanto pega no segundo presente.
Mas esse presente é para o pai. E o seguinte é para a mãe.
— De certeza que é este. Este é o boneco de peluche de que vou ter de cuidar — diz o Bruno, pegando no presente seguinte.
Mas no cartão está escrito: Para o avô.
“Onde estará o meu presente?”, pensa o Bruno.
Olha de novo para os presentes e conta quatro embrulhos. Talvez tenha ficado algum detrás da árvore. Ou dentro da árvore… O problema é que não há mais presentes.
O Bruno procura por toda a sala de estar e decide ir à cozinha. A mãe continua ocupada com os preparativos da refeição de Natal.
— Mamã, está tudo pronto para a festa de Natal? — pergunta.
— Só nos falta arrumar um pouco a casa e… pegar nesta caixa — diz a mãe, enquanto circula pela cozinha a braços com uma montanha de panelas e caçarolas.
A cabeça de Bruno não para de pensar no mistério. Está tão preocupado que decide falar com o pai.
— Papá, está tudo pronto para a festa de Natal?
— Sim, está tudo pronto, Bruno. Bem, só me falta acabar estes cartões de Natal para oferecer aos avós — responde o pai.
Bruno está tão dececionado que sai um pouco para apanhar ar.
Encontra Paula junto ao muro.
— Até que enfim! — exclama Paula. — Já estou à tua espera há bastante tempo. O Pai Natal já passou por minha casa! E deixou-me um enorme presente, debaixo da nossa árvore de Natal — diz Paula, muito contente.
— Pois para mim não há nenhum presente —diz o Bruno, muito triste.
— Pobre Bruno! Será que se esqueceu de ti? — pergunta Paula.
— Talvez…— diz Bruno, desanimado.
Nessa noite não consegue dormir.
É véspera de Natal, o jantar estava ótimo, ouvem-se canções de Natal, está a nevar…
Está tudo pronto para celebrar um 25 de dezembro perfeito. Tudo, menos o presente do Bruno.
De manhã, os pais desejam:
— Feliz Natal, Bruninho!
— Feliz Natal — murmura Bruno.
Quando os avós chegam, Bruno pensa, “Talvez tragam o meu presente.”
Mas eles só trazem flores para a mamã e biscoitos para o papá.
— Sinto-me tão feliz! — diz a avó. — O Natal é uma festa tão bonita… As pessoas preocupam-se mais umas com as outras.
— Pois, mas ninguém se preocupa comigo! — diz o Bruno, enquanto se dirige para o quarto.
Uns minutos mais tarde, chamam-no à porta, mas a porta não se abre.
“Que estranho!,” pensa o Bruno.
Então decide abrir a porta devagarinho e depara-se com uma caixa de cartão.
— É apenas uma velha caixa de cartão! — exclama, dececionado.
No entanto, ouve-se um barulho estranho dentro da caixa.
A princípio, Bruno não se atreve a olhar, até que…
— Um porquinho-da-índia! — grita o Bruno, surpreendido.
— Feliz Natal! — dizem em uníssono os pais e os avós.
— Como vês, Bruno, não é um presente que se pode embrulhar nem deixar durante a noite debaixo da árvore, mas é um bonito presente de Natal — diz o pai.
— Se é! — diz o Bruno. — Agora tenho alguém a quem acariciar, de quem cuidar e com quem poder brincar. Este é o presente de Natal mais bonito que recebi!
Hilde Schuurmans
Bruno quiere su regalo de Navidad
Barcelona: Edebé, D.L. 2004
(Tradução e adaptação)