Tesouro no fundo do mar

Tesouro no fundo do mar

Fecha os olhos e imagina-te sentado num barco que flutua no mar calmo. Quando olhas para baixo e vês as ondas que se agitam, a tua lanterna mágica capta o luar. Brilha como um Caminho Encantado no azul profundo do mar. Onde irá levar-te esta noite?
Escorregas até à água quente e nadas como um peixe, entrando e saindo do teu próprio trilho de bolhas brilhantes. Depois, como por magia, as bolhas transformam-se em pequenos cavalos-marinhos, andando para cima e para baixo na água ao teu lado. Seguem em frente e param, vão em frente e esperam novamente. Tens a certeza de que querem que os sigas. Por isso vais atrás deles!
Um cardume de peixes prateados brilha à tua volta, centenas e milhares deles fazem cócegas na tua pele. Os cavalos-marinhos nadam à tua frente. É como se estivessem a indicar-te o caminho — ali à frente, estrelas-do-mar cintilam em cavernas submarinas e, mais além, estão ostras cujas pérolas reluzem como pequenas luas.
Vês agora as bonitas cores do recife de coral. O coral parece um castelo gigante guardado por ouriços-do-mar. À medida que vais nadando pelas pequenas e grandes torres do coral, reparas numa coisa que brilha nas profundezas da água. O que será?, interrogas-te.
Cheio de entusiasmo, aproximas-te nadando. É uma arca do tesouro! A tampa não está bem fechada e vês pequeninos pares de olhos a espreitar por entre aquela escuridão. Devagar, abres completamente a tampa e vários caranguejos pequeninos e engraçados fogem cá para fora.
Depois vês as jóias e os colares cintilantes, as pulseiras e as fivelas. E um monte de moedas de ouro. Um dos cavalos-marinhos roça com a cauda num anel de rubi. “Experimenta”, parece estar a dizer-te. A jóia reluz no teu dedo e interrogas-te a quem terá pertencido. A um grande duque que navegou pelo oceano com os seus navios? Ou talvez a uma princesa, que navegava porque ia casar com um príncipe que vivia num país distante? Os cavalos-marinhos brincam com as jóias e as moedas brilhantes. “Vá, leva uma parte do tesouro”, parecem estar a dizer.
Talvez só uma coisinha, pensas. Afinal, quem iria sentir a falta de uma pequena moeda depois destes anos todos? Mas a moeda não é tua. Decides que é melhor voltar a colocá-la no lugar e deixá-la escondida aqui debaixo do mar. Talvez outra pessoa possa gostar de a encontrar um dia.
Agora é tempo de partir. Despedes-te dos cavalos-marinhos e sobes velozmente mar acima, deixando um rasto de bolhas. Ao chegares a superfície, vês o sol nascente refletido no mar. Parece um disco brilhante, como a moeda de ouro que tiveste na mão.
Apesar de a moeda já aqui lido estar, lembras-te dela na tua cabeça. Sabes que estará sempre lá para te recordar a arca do tesouro e o lindo mundo que viste nas profundezas do mar.
  
Afirmações
 Podes apreciar muito uma coisa bonita sem que tenha de ser tua. Podes lembrar-te das coisas de que gostar na tua cabeça.
 Serás mais feliz se não deixares que os teus amigos ou qualquer outra pessoa te convençam a fazer uma coisa que não deves — algo que penses estar errado.
 Se realmente não sabes o que e certo e o que é errado, tenta que sejam os teus sentimentos a decidir.
 Nunca leves contigo algo que não te pertence, mesmo que penses que não vai fazer falta ao dono.

Anne Civardi, Joyce Dunbar, Kate Pety, Louisa Somerville
Dorme Bem
Lisboa, Editorial Estampa, 2008

Advertisement