NATAL: de que nos lembramos?
A professora pega no giz e escreve no meio do quadro, com letras grandes, NATAL. Depois vai à secretária buscar a caixa com o giz de core, abre-a e coloca-a na primeira carteira da primeira fila com um olhar convidativo. Em seguida senta-se e olha para os alunos na expectativa.
Primeiro estão todos muito calados. Depois Tina levanta-se e pega no giz vermelho. Escreve no quadro “Pai Natal”. Muitos riem-se em voz alta; a professora sorri contente. Agora Sabina vai ao quadro e escreve com giz verde: árvore de Natal. Precipitam-se então mais crianças e começa uma verdadeira luta pelo giz de cor. Aparecem logo muitas palavras no quadro e são cada vez mais: velas, doces, bolas, Menino Jesus, lista de desejos, neve, papel de embrulho, festa de Natal, prendas de Natal.
Algumas palavras aparecem uma vez, outras duas, três. “Bolo” até quatro vezes. Por fim não há mais espaço.
— É disto que nos lembramos no Natal! — diz a professora e lê em voz alta, juntamente com as crianças, tudo o que escreveram. Em seguida pergunta:
— E onde é que vamos escrever agora o mais importante? Que Jesus nasceu num estábulo.
— Isso não precisamos de escrever! — diz Cristina. — Qualquer um de nós sabe.
— Mas há pouco, ao escrevermos, esquecemo-nos! — responde Tomás, pensativamente. — Quatro vezes “bolo” e nem uma única coisa sobre o nascimento de Jesus…
— E por causa das outras coisas todas, por causa das prendas e dos doces todos, agora não temos lugar — observa a professora.
Mas Susana vai ao quadro e apaga tudo o que os outros escreveram. Só deixa NATAL. As outras crianças abanam a cabeça, concordando. Quando Susana se senta, só esta palavra está no quadro.
Agora ninguém precisa escrever que festejamos o Natal para relembrar o nascimento de Cristo. Na turma, agora, todos sabem.
Rolf Krenzer, Lesebuch der Jahreszeiten, Herder 1993
tradução e adaptação