Um velho homem chamado Rufus Jones perguntava-se como é que os pais o tinham ajudado a conhecer Deus no seu interior, em vez de conhecer o que os outros dizem sobre Deus. A resposta não tardou.
Rufus recordava-se de um dia quente de Verão, quando era rapaz. Fizera algo de errado e esperava ser castigado. Mas o que recordava era não tanto o dia como o que então acontecera.
O jovem Rufus não era muito crescido, mas tinha idade suficiente para que os pais o deixassem sozinho na quinta enquanto iam à vila. Agradava-lhe que confiassem que não se meteria em sarilhos e que tomaria bem conta de si, sem nenhum adulto por perto.
― Estaremos fora por algumas horas ― disse a mãe. ― Esperamos que arranques as ervas daninhas aos nabos. Os nabos precisam de espaço. Não podem crescer saborosos se as ervas os sufocarem.
― Está bem ― respondeu Rufus. ― Vou tirar as ervas enquanto vocês vão à vila.
Rufus tinha a intenção de cumprir a sua promessa. Começou a trabalhar, mas, dali a pouco, apareceram dois amigos que iam à pesca.
― Vem connosco ― instaram-no.
― Não posso ― disse. ― Tenho de arrancar estas ervas.
― E se nós te ajudarmos na volta? ― sugeriu um dos amigos. ― Logo estará mais fresco. Agora está muito calor para trabalhar.
Até aquela altura, Rufus não sentira que estivesse particularmente quente. Mas, agora, o suor corria-lhe pela face e as roupas colavam-se-lhe ao corpo. Quanto mais pensava nisso, mais lhe agradava a ideia de esperar até mais tarde para fazer o trabalho e ter ajuda.
E lá foram os três rapazes. Divertiram-se tanto a pescar e a nadar que ficaram muito mais tempo do que Rufus previra. Quando voltaram, os pais de Rufus estavam também a chegar.
― Mas não me castigaram nem me ralharam ― recorda Rufus. ― A minha mãe pegou-me na mão e não a largou até me levar para o quarto e me sentar numa cadeira. Ajoelhou-se aos pés da cama e começou a falar com Deus sobre mim.
Disse tudo sobre mim a Deus, que espécie de rapaz eu era, e que espécie de homem ela esperava que eu viesse a ser. Ela depositava muita esperança em mim e tinha grandes sonhos. Por fim, disse:
― Meu Deus, ajuda este rapaz a tornar-se o homem que Tu queres que ele seja.
Depois, beijou-me e deixou-me sozinho no silêncio, com Deus.
Foi nesse dia que comecei a ouvir Deus dentro de mim. Foi nesse dia.
Janet Sabina