Tenho medo
Quando estou com medo sinto-me como… uma gelatina a tremer num prato, um ratinho a tremer ao ver o gato, ou como se me tivesse aparecido uma aranha mesmo na frente do nariz.
Quando estou com medo… tapo os olhos com as mãos, enfio-me debaixo dos cobertores, escondo-me atrás do meu pai.
Há muitas coisas que me metem medo. Tenho medo de ir para o quarto sozinha… mas digo a mim própria para não ser parva; é claro que não está lá ninguém!
Tenho medo quando penso que há aranhas debaixo da cama. Mas qualquer aranha que encontre tem mais medo de mim!
Gosto de brincar às escondidas! E embora até dê saltos com os sustos que o meu pai me prega, quero brincar outra vez!
Tive mesmo medo no meu primeiro dia de escola… mas gostei tanto que nem queria ir para casa!
Da primeira vez que dormi em casa da Avó, tive medo. Mas a avó veio sentar-se ao pé de mim. Leu-me histórias até eu adormecer.
O meu irmão disse-me que o dentista era um horror e que eu não ia gostar nada, mas a dentista não me assustou nada. Até disse que eu tinha uns belos dentes!
Às vezes assusto-me quando vejo na televisão programas que me metem medo. Mas sei que é só a fingir!
Quando começo a ficar com medo… sinto-me melhor se cantar ou assobiar.
Sinto-me melhor se disser a mim própria para não ser parva, ou se fingir que sou uma valente super-mulher!
Sinto-me me melhor se falar com o meu ursinho, ou se me lembrar de que toda a gente às vezes tem medo, até mesmo os adultos!
O meu pai detesta andar na montanha russa. Diz que fica cheio de medo.
A minha mãe diz que tem medo de andar de avião. Prefere andar cá no chão.
Mas às vezes, quando temos medo… precisamos é de coragem!
E tu, o que é que fazes quando tens medo?
Brian Moses
Tenho medo
Lisboa, Editorial Caminho, 1994